domingo, 13 de novembro de 2011

     Afogo-me na tua ausência, meu querido. Aprendi a (sobre)viver sem ti, mas quando me assaltas o pensamento e me recordo do que é ser essência em bruto, alma despojada e sem máscaras, é inevitável morrer um bocadinho. É inevitável morrer, ensinaste-me tu. Não se pode fugir da morte, portanto parei de fugir da vida. 
     Tenho tanto para te contar, tanto para te mostrar. Ainda tínhamos mundos infinitos para dar um ao outro, não tínhamos? Era fácil alienar-me do universo quando me perdia nesses teus olhos cor de mel que me faziam dar-te tudo o que não sabia dar a mais ninguém. Gosto muito de ti, dizias tu baixinho, que quem fala alto é porque não tem nada de importante a dizer. Gosto muito de ti, sussurravas tu, e eu acreditava. E eu acreditava em tudo o que me dizias, em tudo o que os teus olhos me gritavam no silêncio das horas. 
     Fazes-me falta, é só isso. Fazes-me falta, especialmente agora que faz tanto frio e é inevitável chover dentro de mim. É que, sabes, eu vou sempre gostar de ti, e se eu pudesse voltar a dizer-to, dizia muito baixinho enquanto te abraçava os sonhos que deixaste por realizar, só para tu teres a certeza de que isto é realmente importante. Só para tu nunca te esqueceres que nós somos verdadeiramente especiais.