domingo, 13 de fevereiro de 2011

As pessoas atropelam-se num caos frenético, imagino a ânsia que sentem para chegar, chegar a um lugar qualquer, a lugar nenhum. Também fui assim, já fui a eterna apressada que corre para fugir do tempo, esquecendo-se de o agarrar.
Sento-me no banco desgastado da rua, nunca irei perceber como se desgastou tanto, já que as pessoas nem o olham, apressadas com os seus afazeres, obrigações e vidas demasiado ocupadas com nada. Quem diria que eu um dia teria tempo para me sentar, observar o mundo a girar, as pessoas a correr, e apenas ficar à espera que chegues. O amor é isso, é este bem-querer, esta paz de espírito, esta calma. E daí, talvez nem seja, quando o assunto é amor ninguém sabe nada de nada, nem eu, nem tu.
Lisboa, minha cidade desde que me lembro, apesar de sempre lhe ter pertencido só recentemente é que consegui fazê-la minha. Não gosto de relações unidireccionais, faltam-lhes a intensidade desmesurada, faltam-lhes o tempo e o prazer de saborear o momento – aprendi isso contigo. Hoje posso dizer que Lisboa é minha, contudo, faz muito mais sentido dizer que é nossa, sem divisões ou fragmentações, porque hoje somos um só.
Cada pedra, cada parede mal pintada, mal amada, cada degrau desgastado ou banco ignorado, tudo é nosso, porque amar é a melhor maneira de ter, ainda que ter seja a pior maneira de amar. Mãos dadas num fim de tarde sobre a calçada Lisboeta, longos passeios apaixonados pela Baixa, promessas segredadas nos recantos do Chiado, noites de loucura no Bairro Alto e longas conversas no café do costume - todos os locais têm pedaços de nós, todos. Lisboa pertence-nos porque o tempo é nosso, ele parou só para nós. O tempo pára sempre para aqueles que amam, não é?
Sentada no banco velho e quase sem tinta, desgastado pelos dias e não pelas pessoas, cansado da vida e não do uso que não teve, espero por ti. Sei que vens, mais cedo ou mais tarde todos acabamos por regressar a casa. E, meu querido, as ruas lisboetas são a nossa morada.