quarta-feira, 11 de julho de 2012


   Sinto a tua dor, mesmo sem te tocar; transborda-te dos poros e esfaqueia-me o coração. Preciso de te abraçar e deixar a tua dor escorrer em mim, roubar-te esse sofrimento que enegrece o olhos e destroça os sonhos. Quero tanto salvar-te, meu querido. Tanto.
   Sou o antídoto para os teus demónios, o teu porto de abrigo no meio da tempestade. A tua dor mata-me, mas é essa morte que me faz viver; a destruição que me causas com o peso das tuas lágrimas, após a violência dos teus actos tem um sabor demasiado agridoce para lhes conseguir escapar; para lhes querer escapar. Somos feitos um para o outro: eu que te sirvo de armadura contra a erosão dos dias, heroína de cristal que te vela os sonhos e repara as fendas da alma; e tu que és a felicidade distorcida que me corre nas veias, príncipe encantado amaldiçoado, essência em bruto e, ainda assim, fragmentada.
   Deixa-me ser a tua salvação de algibeira, oferecer-te as asas que perdeste e levar-te três metros acima do céu, onde somos invencíveis.