
Ela era uma menina, uma menina normal. Sonhava com a liberdade, com o amor e com a amizade verdadeira. Ela lutava pelo que acreditava, nem sempre era fácil, ela chorava. Ela queria mudar o mundo, pobre tonta sonhadora. Ela era boa, fazia o que era certo, não era perfeita, mas também ninguém o é. Como em todas as batalhas há sempre pelo menos um adversário, não necessariamente mau, apenas com pontos de vista diferentes. Ela sabia disso, ela amava os adversários, ela sabia que eles no fundo mais do que adversários eram amigos. Mas era firme ela queria ter o que merecia e nem era muito, ela lutava diariamente, todos os dias ela aprendia uma coisa nova. Mas tinha cada vez mais cicatrizes e buracos das batalhas travadas, mas ela lutava, oh como era corajosa a pobre a sonhadora, deixava sempre o mundo um bocadinho melhor do que o encontrava. Mas ela não era de ferro, ela sofria, ela chorava, ela vivia, ela amava e lia poesia, e sem ele ela não vivia apenas existia. Mas como nunca desistia ela continuava a lutar e a chorar. Um dia ela não aguentou mais e chorou, chorou ate não conseguir mais chorar até não haverem mais lágrimas para chorar, gritou até perder a voz, olhou para o espelho e viu a sua cara delicada e jovem marcada pelo sofrimento, olhou para o seu peito e reparou que praticamente não existia tinha demasiados buracos, então a menina chorou, chorou uma vez mais, de ódio, de raiva e de desilusão por ter dado a vida numa batalha em troca de nada. Então desistiu, deitou-se no escuro no meio das lágrimas, das recordações e da dor, ficou apenas com ódio e desilusão, aquela não era ela, aquela era o que a vida tinha feito dela, e ficou ali sem sentir nada, apenas esperando a dor, que ela sabia que viria, já não tinha forças para lutar. Mas a dor não veio. Em vez disso veio a morte, ela era uma guerreira, e uma guerreira só pára de lutar quando morre, quando já não aguenta mais, e foi isso que aconteceu, a menina morreu. Morreu afogada em lágrimas de desespero e sofrimento, agarrada a momentos de glória, esburacada pela vida, mas apesar de tudo ela morreu como uma vencedora, ela lutou, ela sofreu e morreu, mas lutou. E isso é o que os vencedores fazem, mas ela era apenas uma criança inocente, uma criança com o seu olhar, uma criança que não aguentou mais, uma criança como eu.
23.02.2009
23.02.2009