sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Laços

Podia pedir-te os laços que nos amarraram, podia dizer-te que os queria para mim, mas não passaria de uma desculpa para ouvir a tua voz. Ambos sabemos que esses laços de nada servem, estão velhos e gastos. Rasgaram-se várias vezes e nós voltámos a juntá-los com um nó, convencidos de que bastaria. Só hoje vejo como estávamos enganados. Por saber que errámos e que já nada nos prende, sem ser esses laços que teimamos em não deixar quebrar, é que os rompi. Rompi-os meu amor, porque apenas me sufocavam e queimavam a pele. Não vou voltar a fraquejar ao ouvir as tuas palavras doces, não vou correr para o telemóvel de cada vez que tocar e muito menos vou esperar que isso aconteça. Os laços foram rompidos, não se rasgaram, foram rasgados. Doeu meu amor, a minha pele queimada ardeu ao sentir-se livre, e o ar que me faltava chegou em demasia. O meu orgulho tantas vezes reprimido pelo teu, finalmente expandiu-se. Senti-me livre. Esses laços não eram amor, eram prisão. Eram fios compridos que me prendiam a ti, mesmo estando tu tão longe. Vou esquecer a forma como esses teus braços encaixavam tão bem na minha cintura ou como os nossos sorrisos ficavam tão bem juntos. E um dia meu amor, vais ser tu a acordar, olhar para esses laços rasgados e descobrir que se rompiam por cada um puxar para seu lado. Irás perceber que tu não podes prender quem quer voar, assim como eu hoje vi que não posso voar com quem quer ficar preso.
Desculpa meu amor, mas não sou nenhum tipo presente que possa ser atado com laços. Prefiro rasgá-los e voar para longe.