Esquece isso. Já tentaste tantas vezes e não conseguiste, porque insistes? Não me vais conseguir controlar, sou demasiado impulsiva para me conseguires domar. Vai desaparece não te esforces tanto com o que não vale a pena. Sou livre, amo a vida, amo o mundo. Tenho o meu caminho, e não preciso de seguir por nenhum trilho, sou eu que o faço. Tu sabes que durante muito tempo tiveste muita importância, demasiada até, mas agora já não. Não querias ser o meu ombro amigo, não querias ser o meu amor e nem sequer o meu companheiro, querias ser o meu dono. Tentaste prender-me a ti, enrolaste-me na tua teia como se não fosse mais do que um simples insecto. Julgaste que assim conseguias, mas nem sequer me conhecias. Querias afastar-me do (meu) mundo, da minha vida, do meu caminho e de mim própria. Dizias que me querias só para ti, dizias que me amavas, mas o que amavas era a imagem que tinhas de mim, a boneca em que me querias transformar. Não meu amor, eu não sou assim. Fugi de ti, não eras o que eu queria, não eras o que eu escolhi e muito menos eras o que eu imaginei. Voltei ao meu mundo, recuperei a minha natureza. Já não te queria a ti, a teia tinha-se partido, a tua voz já não me inebriava. Vá segue em frente que eu já segui. Não me iludes, desaparece, querias uma boneca mas não sou tão frágil como parece. Sou selvagem, meu querido aprende isso. Em tempos foi o meu cabelo suavemente despenteado pelo vento que te cativou, foram os meus olhos curiosos e o meu sorriso fácil que te prenderam a atenção. Então diz-me: O que mudou? Porque é que querias tanto que fosse uma boneca? Não uma boneca qualquer, para ti tinha de ser uma boneca de porcelana, a mais civilizada, sossegada, insípida, frágil e sem expressão das bonecas. Devias saber que não ias conseguir. As teias até podem ser eficazes, mas são frágeis e tu bem sabes que eu nem sempre sou delicada. Devias ter previsto que eu ia partir o fio dessa tua teia. Agora o feitiço foi quebrado, o príncipe encantado virou um sapo e eu segui em frente. Vá segue em frente, essa tua teia já não me prende.