sábado, 25 de abril de 2009

Acreditar

Apenas preciso que me faças acreditar, não interessa se é verdade ou não, só quero acreditar. Apenas necessito de uma prova inventada, que te preocupas e continuas aqui, uma ilusão que me traga a tua voz, uma miragem que mostre o teu rosto, mais uma vez. Pouco me importa se quando acordar do transe doa mais.Quando estou contigo, mesmo que seja numa simples ilusão, as minhas feridas não ficam curadas, mas não existem. Depois até podem ficar mais profundas, mas naquele momento não existem. Sei que uma pequena lágrima vai ficar sempre aqui a relembrar-me da tua ausência, para me dizer que te foste. Vou-me sempre lembrar do abismo por onde caía, tu observavas mas não reagias, nem uma palavra ou um olhar, nada. Só vazio. Fingi sempre, julguei que seria suficiente, fingi para tornar cada momento mais doce. Na minha realidade inventada tudo era perfeito. Agora sou uma mentira e tu és um vazio. Continuas a observar a minha queda sem reacção. Reage, penso eu com todas as forças que ainda me restam. Só um pequeno movimento, um som, um olhar, ódio, qualquer coisa que sirva para me segurar com todas as minhas forças. Apenas para flutuar um instante, olhar para ti e ser novamente feliz num pequeno segundo. Não tenho forças suficientes para me agarrar a ti para sempre. Mas agora não me deixes bater no chão, não me deixes sofrer ainda mais, não me deixes esquecer. Cada expressão vazia me abre um novo buraco mais profundo e pior do que isso, cada gesto vazio acelera a minha queda. O engraçado é que ainda ontem, eu e as minhas ilusões estávamos no ponto mais alto e agora tenho tanto medo de cair ainda mais. Não me abandones agora, não iria suportar. Iria ser a minha morte. Dá-me um sorriso e tens o meu, dá-me um abraço e devolves-me à vida, dá-me a mão e fazes-me feliz. Se pensares bem não é assim tanto. Não vou precisar de ti para sempre, é só agora. Será que te estou a pedir assim tanto? Se estiver, desculpa.